EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA COMENTADA









A Beleza das Coisas Simples

Fotografia, Emoções, Valores e Projectos de Vida
Por Norberto Rodrigues




A violência do silêncio à nossa volta, a fragilidade arrepiante das coisas seguras, a monotonia das vidas rápidas e agitadas.
As pedras e as amarras que nos impedem de (re)construir os trajectos. As ondas que nos metem medo.
A incerteza, a angústia, o coração palpita, a cabeça estala, a bolha incontrolável, a bolha que rebenta ali, naquele lugar, sem causa próxima…
A tentação do poder, do domínio sobre os sem vida.
Quero sair do escuro. Quero subir na vida. Quero ter primavera!
Mas, onde está a saída? No outro lado? No novo olhar?
Será Ele? Seremos nós?
Será aquilo que só nos dá prazer? A simplicidade da alienação?
Reconstruir a visão global da criação? Simplificar a complexidade?

Voltar à beleza das coisas simples. Sermos próximos de nós.








Violência


A violência possui  intrinsecamente um profundo poder destrutivo, mas também um profundo poder de reconstrução.
Nos tempos de mudança  e incerteza que vivemos  a violência paira em todas as esquinas, esgueira-se para dentro de nós sub-repticiamente. Muitas vezes eclode, invadindo  as ruas e  as praças numa espécie de catarse colectiva. Esta catarse motivada pelo poder de destruição oculta, frequentemente, um profundo desejo de reconstrução e é esse desejo de reconstrução que nos faz sonhar com um mundo novo. Do sonho nasce a criação e da criação nasce a paz.
Esta dialética de  violência/destruição/ criação consubstancia a génese da existência humana, que é em si profundamente contraditória,  porque da destruição do que existe nasce a reconstrução. Do caos nasce a ordem e da ordem nasce o caos.
Tal como a imagem  a vida é forte, muitas vezes violenta, mas também poderosa e bela.


Célia Quintas, Socióloga/Professora Universitária




Segurança


Já fomos dois. Cada um no seu mundo, sonhando com a existência do outro, já quase na certeza de que era uma utopia, pelo tempo que as nossas vidas demoravam a cruzar-se. Mas, porque o mundo gira e porque nós existimos, estava escrito nas estrelas que elas haviam mesmo de se cruzar.
O primeiro cumprimento, a primeira provocação, abriram caminho à descoberta de que não era nenhum sonho irrealizável. Ali estava a minha pessoa! Ela existia!
E agora somos um. Porque se tu estiveres eu estou, se tu rires eu rio, se te doer e chorares, dói-me e eu choro, quando tu estás feliz eu estou feliz.
E foi isso que escolhemos: prendermo-nos um ao outro, numa solda invisível e inquebrável, sermos EU em vez de NÓS. Escolhemos SER LIVRES!


Filipa Perestrello Rodrigues, Ergonomista/Inspectora do Trabalho



Monotonia


Monotonia pode significar, pelo lado positivo, calma, tranquilidade, paz - sentimentos que a fotografia me inspira, mas também, pelo lado negativo, falta de vitalidade, de energia, de criatividade e audácia, capacidades de que estamos bem carentes.
Gosto de olhar o tema, quando associado á foto, na primeira perspectiva, talvez para contrariar os tempos actuais.
O movimento da água e do pássaro ao longe não transmitem passividade, antes olhar ao longe, pacificar para voara mais alto.
Gostaria de partilhar com outros estes sentimentos, e é bom ter amigos que no-los transmitem por imagem.
A imagem pode ser um momento de sonho e partilha, pelos vistos!

Arminda Neves, Socióloga/Professora Universitária



Há pedras no caminho


“Há pedras no caminho”, mas são as pontes que nos mobilizam no horizonte.
As pedras fazem parte de qualquer percurso e quem as ignora não consegue chegar a lado nenhum.
Foi com as pedras que se ergueram os castelos para nos protegermos, mas também foi com elas que se construíram as pontes que nos ligam uns aos outros e ajudaram a desobstruir os maiores obstáculos dos vários percursos.
As pedras, ao longo dos tempos, marcaram identidades, definiram territórios e perpetuaram culturas, enquanto as pontes permitiram a fluidez dos caminhos para destinos longínquos, aceleraram o desenvolvimento e aproximaram espaços e culturas diferentes.
As pedras delimitaram o tempo e o espaço de cada um de nós enquanto as pontes abriram e deram continuidade aos nossos percursos coletivos e alargaram os espaços e as culturas das nossas vidas.
Pessoalmente habituei-me a considerar as dificuldades e as resistências como fazendo parte de qualquer processo de mudança. As pontes foram sempre o meu objectivo, mas o caminho das pedras foi sempre o meu percurso.

Luís Vidigal, Perito em Modernização da AP/Doutorando em Ciências Sociais e Políticas


Amarrados


Uma ponte que corre sobre pilares do cais. Uma ponte como corrente que amarra as margens.
A ponte está longe e há uma gaivota que espera... Uma corrente de margens que apaga um cais de gaivotas. Tudo é cinzento. Corre o rio entre os pilares das margens. No reflexo da corrente as nuvens esperam a ponte. Já não voam as gaivotas. Longe. Os pilares suspensos das correntes aguentam ainda o peso das nuvens. As nuvens correndo suspendem pilares que aguentam ainda o peso. E o céu amarrado com gaivotas que esperam no horizonte. Aqui tão perto. Assim vejo o horizonte.

António Moniz, Sociólogo/Professor Universitário



A onda não nos mete medo



“No princípio era o verbo”? Talvez…
 É certo que a palavra resultou da realidade nomeada. Mas se, assim, a realidade faz as palavras, são muito estas que, por sua vez, fazem (ou desfazem) a realidade. “O nome determina a coisa nomeada”.
Depois, surgiu a imagem. Que, não tardou muito, passou a “valer mais que mil palavras”.
E, então, se é certo que foi a realidade da onda que construiu esta imagem, certo é também que esta imagem (re)constrói mil vezes a realidade da onda.
Assim, esta onda, se não tanto a realidade dela própria mas esta sua imagem, é medonha, mete-nos medo, apavora-nos.
E daí, talvez não. Basta que estejamos à “altura” desse medo. Ora,“ nós somos do tamanho da onda que vemos e não do tamanho da nossa altura”.
Não! A onda não nos mete medo. Até porque, como garantiria Magritte, “isto não é uma onda”.

João Fraga Oliveira, Recursos Humanos/Inspector do Trabalho



Bolha


Bolha - forma-se a partir do ar, desaparece quando perde o ar. Simboliza o efémero, o que aparece e desaparece quando menos se espera.
Sem o gás de que se alimenta, que a alimenta e que a faz existir, embora por pouco tempo, a Bolha não existe.
É de criação espontânea ou produzida - a bolha de sabão.
A imagem da Bolha é como ela própria. Um instantâneo, um momento.
Mas ao contrário da Bolha, não desaparece.
Permanece".

Luís Bento, Investigador/Consultor




O Mundo é Meu


Não sei o que, fora de mim, é meu, nem o que, dentro, me pertence. Talvez, mais que saber, sinta. Meu, é o olhar, feito de luzes, sombras, azuis quase parados nas águas de cima e mexediços nas águas de baixo onde me fixo nos pontos menos previsíveis da minha vontade. Quem sabe quem a conduz não sou eu. É o fio das ânsias e dos desejos que me faz tropeçar quando, quieto, quero estar e não posso. Ou posso e não quero. Este Mundo que é meu, não é. De repente são pedaços de versos que se enrolam nas ondas e imagens que voam nas nuvens dispersas. Recordações de vozes pesadas pelo tempo, mãos mansas, hesitações e provações, quereres futuros, uma ou outra vitória e derrota, a suave briza de um ar de odores, o martelo e a bigorna dos sons que nunca quis ouvir. Talvez mais que saber, eu pressinta. Meu, é um olhar inquieto sobre o que se aproxima de mim e dos Outros. De todos, dos que se espalham pelo meu Mundo que é meu. Aqui, ou noutro lugar qualquer, os meus caminhos são cruzados e sem limites, como a água de baixo e a água de cima. E sustentam assim este meu Mundo. Um dia saberei se, assim como sou, ficarei para sempre, ou se, o que vejo no meu olhar, é um fogo fugaz , um lampejo de pensamentos inúteis que liga o Meu mundo de dentro ao meu Mundo de fora. Estranho, sem surpresa, as próximas horas. Sei que as marés voltarão, que o Sol ficará livre, sem saber o que poderá acontecer ao canto dos pássaros, se ainda poderão assobiar aos outros. E o que poderá acontecer aos seus voos, se ainda poderão escolher caminhos de liberdade. Porque este Mundo que é meu, é dos Outros. Fico à espera que os sinos toquem. Para um enterro, para a festa, para a esperança ou para acertarem os relógios dos pulsos. Quem dera que não fosse para nada. Que simplesmente tocassem como o melro do meu quintal quando acordo de manhã depois dos sonhos de uma noite rodeada de mãos mansas. Ou, como o silêncio de uma página enrugada de um livro, virado pela leitura interrompida, e que sobrou no assento onde adormeci com ilusões. Estranho, sem surpresa, as próximas horas porque o meu cão nunca me perguntou nada acerca do que é o Meu mundo. E já o devia ter feito porque nos conhecemos há muito e nunca tivemos um amuo.

José Subtil, Historiador/Professor Universitário 



Subir na vida



Subir na vida… O que é subir na vida, ou subir à vida, se não acharmo-nos? E o que é acharmo-nos, se não achar a vida? Soltos do nada, estamos aqui. O que aconteceu?
Abre-se, diante, o mundo maravilhoso.
“Hoje, está um dia tão belo que o espectáculo da Natureza me reconforta. Admiro, voluptuosamente, o sol aflorando o rio. Oiço, com beatitude, o canto das galinhas e aspiro o bom perfume do jardim. Na relva, crescem as primaveras, o céu é um imenso azul”, escrevia Flaubert, um ano antes de morrer, em carta a Guy de Maupassant.
A vida é paixão.  
Na primeira de três epístolas do apóstolo João, diz-se:
Nós sabemos que passámos da morte [do nada] à vida porque amamos os nossos irmãos. Aquele que não ama permanece na morte” (III, 14).
O amor: o amor total, que recebe tudo e todos, eis a entrega, a assunção da vida.
Amor e entrega são trabalhosos e arriscados, pois se jogam na breve viagem do homem -caracol que sobe e a que cresce a alma, enquanto desenreda, metro a metro, dia a dia, o universo esplêndido e impávido, a vibrar-lhe dentro, fulgurantemente.
Incerta viagem:
“Quem sabe o que é bom para o homem, durante a vida, no correr dos dias da vã existência, que ele atravessa como uma sombra? Quem pode anunciar ao homem o que acontecerá debaixo do sol, depois de ele morrer?” (Eclesiastes, VI,12).


Manuel Poppe, Escritor/Conselheiro Cultural



Quero sair do escuro


Em passo inequivocamente firme o rapaz segue determinado em sair da zona escura, aparentemente gradeada pelo cenário de mastros e teleférico e marcada pela negritude da pala que o cobre e pela escuridão quadriculada do pavimento. 
O registo do céu cinzento que é associado à melancolia e à tristeza de dias invernosos, permite-nos perceber o vigor e a pressa do passo para sair do escuro. 
Simultaneamente a luz que emerge do jogo de nuvens cinzentas torna-se para nós, observadores, o centro da imagem e gera uma cumplicidade entre quem vê a foto e quem nela participa no percurso de saída do escuro.
A força dos contrastes do preto/branco facilitam o grito que titula a foto "quero sair do escuro"

Luís Botelho, Sociólogo/Professor do Ensino Superior



Qual é a saída?



escolho ficar
aqui
escondido dos outros
dobrado
sobre a antiga
lembrança
de céus
pássaros aflitos
e nenhum rumo

escolho ficar
aqui
o excesso de luz
vem beijar-me 
os pés
como espuma
dos dias
o mar
aqui
à janela


escolho ficar
aqui
à espreita
ver-te subir
devagar
a tua voz
ecoando
crescendo
repetindo
o teu nome
explodindo
contra as pedras
e a espera



Américo Rodrigues, Mestre em Ciências da Fala e Audição/Programador Cultural



No outro lado


Chegar e despertá-lo do sono branco manchado de luz. Tocar-lhe no ombro, acariciar-lhe o rosto. Vim para te acordar, para te cantar uma canção de acordar. Sabia há muito que estavas aqui, mas só agora pude vir. Já antes tinha tentado. Sozinho não consegui. Agora sim. Agora sim é o tempo de chegar e de poder partir, logo, para outro lugar.
O saco da alma está mais cheio, cada vez mais cheio. Só custa a primeira vez. Depois os braços e as pernas já sabem o caminho — e não o esquecem nunca.
Que lugar é este? Vem! Vamos sossegar daqui p'ra fora.

César Prata, Músico/Bibliotecário


Outra visão


Porque não existe uma só forma de atravessar as tormentas…

Marcos Perestrello, Jurista/Deputado



Meditação

As lembranças
às vezes
vêm como fantasmas
para me perturbar.

As memórias
trazem palavras
que tentei deixar
para trás.

As recordações
sendo as mais doces
que um dia abracei
sem pensar
vêm como sombras
para me inquietar.

Espero o silêncio.
Não chega o meu Anjo,
para me elevar.

Queria repousar
na copa das árvores
brincar com as nuvens
rasgar o céu.

Fico em silêncio
o meu Anjo há-de chegar.

Élia Fernandes, Pianista/Professora



Lazer!


Lazer. Sempre foi assim que associamos esta imagem a um significado. Descontracção, a conversa com os outros ou consigo mesmo, a relação com a natureza, o decurso morno do tempo, a percepção do comportamento animal, a súbita excitação da captura, a oportunidade de sabores selvagens, as memórias do homem primitivo... São algumas das emoções que preenchem o significado do lazer procurado na pesca à linha, dita também de “desportiva”. 
São a busca do contrário do viver quotidiano dos tempos modernos: da crispação, da competição, das relações no trabalho e por causa do trabalho, da intensificação constante do tempo, da ameaça ao emprego, da ilusão ou da desilusão do sucesso, do viver padronizado, das refeições industrializadas… e no mundo globalizado, da ameaça difusa à sobrevivência, o medo. 
Se olharmos de novo para a foto e convocarmos o contexto de crise aguda em que vivemos hoje interpelamo-nos irresistivelmente. Até quando estes mundos e emoções são separados? Até quando a contaminação não acontece? Até quando a recolecção não volta a ser, ela mesma, a expressão da luta pela sobrevivência? Até quando o paroxismo da vida moderna não nos reintroduz às portas da sociedade recolectora?
Alguém disse que história não se repete, que a humanidade aprende. É o meu desejo que expresso numa frase de sabor pecaminoso: viva o lazer!

Manuel Roxo, Jurista/Inspector do Trabalho



Visão Global






Poucas vezes uma fotografia me suspendeu a respiração como esta suspende. Anula os sentidos para deixar a luz explodir na retina, tomar o corpo e voltar em nuvem filtrada pelo coração.
Vejo nela a imagem da criação, do momento zero repetido até ao infinito. Tudo é movimento e todo o movimento se concentra na sua ausência.
Desaparece o tempo.
Também poderíamos chamar a esta imagem simplesmente eternidade.
E “Ele” está lá. Uns vê-lo-ão na espuma, outros na rocha, alguns na ave. Eu vejo-o na Luz. O alfa e o ómega da existência. A Visão Global.


Carlos Zorrinho, Doutor em Gestão/Deputado



Complexidade


Eis o tema proposto para um cenário aparentemente simples, sereno e belo. Penso que há um caminho para a ciência: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixonar-se por ele… (Karl Popper)

A observação de diferentes lagos com cisnes brancos não sustenta a tese universal de que todos os cisnes são brancos. Basta, porém, encontrar um cisne preto para que se torne possível refutar aquele enunciado. Sem a pretensão (e o desejo) de verter aqui o pensamento popperiano, acolho bem este eco: quanto maior a ânsia de conhecimento, maior a consciência de quão infinita é a nossa ignorância. Afinal, o que é simples revela-se complexo; os contornos perfeitos são sempre imperfeitos; a objetividade tem a marca da nossa própria subjetividade; os reflexos espelham assimetrias; a natureza regista em si traços de cultura; o material está impregnado de simbólico….E, sobre tudo isto, o nosso saber é sempre aproximativo, contingente, incerto, provisório… O sol não é sempre o mesmo. O céu não é sempre azul, nem nitidamente azul, nem apenas cinzento ou negro. Surpreende-nos com cores inesperadas. O mundo modifica-se. E as árvores nem sempre dão flores, folhas, frutos e pássaros. Não, não são máquinas verdes… (a propósito do belíssimo poema de José Gomes Ferreira…)

Este foi o contexto em que nos conhecemos. Tantas vezes questionámos o paradigma determinista-mecanicista, a visão limitada com que contempla a ciência, o trabalho e a vida. Ode ao pensamento crítico, à persistência em derrubar dogmas e receitas hegemónicas, à necessidade imperiosa de estabelecer diálogos e construir alternativas... Ou a minha interpretação deste registo extraordinário.

Sara Falcão Casaca, Socióloga/Professora Universitária



A beleza das coisas simples


A beleza é a coisa mais simples do mundo.
Olho a fotografia, os barcos ancorados, a tranquilidade das águas, as sombras do quase-crepúsculo.
Barcos parados. No rio? Na enseada. No porto?
Um ramo seco que pode ser arrastado ao mais suave sopro de vento?
No seu equilíbrio, são perfeitos.
E por que dizer que estão parados?
O cansaço que sentimos de esperar?
O nosso desejo de parar?
Os barcos podem estar à espera que alguém volte. De certeza que esperam!
Ao mais pequeno sopro, o ramo pode começar a vogar!
“Será a beleza simples?”, repito, interrogando-me.
A beleza existe sem nós?
Ou são os momentos e as coisas simples que podem “animar-se” sob a magia do olhar de quem as contempla e, de repente, “terem beleza”?
Um nada, a coisa mais simples do mundo, pode ter a beleza e trazer um pouco de absoluto à nossa insatisfação.
Mesmo na sua paragem no tempo. Mesmo na solidão.

Maria João Falcão, Professora/Escritora


Aproximação




Escuro
Onde Estás?
Sinto-te
Não te vejo
Quero ver-te
Vens de outro mundo
Que não me quer
Liberta-te dos olhares
Do deve ser
Toca-me
Sente-me
Abraça-me
Escuro
Não é por aí
Ouve o sentido do teu coração
Isso, aproxima-te
Aproxima-te


Norberto Rodrigues, Sociólogo/Fotógrafo Amador






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